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A crescente procura por soja, especialmente para o esmagamento, tem sustentado os preços do grão no mercado interno e externo, segundo apontam os dados mais recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Mesmo diante de uma produção mundial em expansão, que tende a limitar maiores avanços nas cotações, o cenário atual mostra uma demanda firme e consistente, impulsionando movimentações relevantes no setor.
Com base nos Indicadores Cepea/Esalq, tanto o mercado de exportação, representado por Paranaguá (PR), quanto o mercado interno no estado do Paraná, registraram valorização na parcial de julho (até o dia 17). Os preços subiram 1,8% em Paranaguá e 1,3% no mercado paranaense, reforçando a resiliência da demanda frente ao aumento da oferta global.
Alta demanda para esmagamento impulsiona preços
O principal fator por trás da estabilidade e leve alta nos preços da soja é a intensa procura para o processo de esmagamento, que transforma os grãos em farelo e óleo, subprodutos essenciais para a indústria de ração animal e para o setor de biocombustíveis. A demanda interna por farelo de soja tem se mantido firme, acompanhada também de uma crescente busca internacional, principalmente da Ásia e da Europa.
Essa pressão da indústria processadora contribui para manter as cotações em patamares elevados, mesmo com o avanço da colheita em países produtores e o aumento dos estoques globais. Segundo os pesquisadores do Cepea, essa força da demanda tende a seguir relevante no curto e médio prazo, mantendo o mercado aquecido.
Oferta global elevada limita valorização
Apesar da força da demanda, o mercado de soja enfrenta um limitador expressivo: o crescimento contínuo da oferta global. De acordo com o mais recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de soja deve atingir 421,99 milhões de toneladas na temporada 2024/25, com projeção de novo recorde para 2025/26, estimado em 427,68 milhões de toneladas.
Esse volume crescente resulta da ampliação das áreas plantadas em países como Brasil, Estados Unidos e Argentina, que seguem investindo em tecnologia e produtividade para atender à demanda global crescente. No entanto, esse aumento na produção mundial exerce uma pressão baixista nos preços, impedindo que as cotações avancem de maneira mais expressiva, apesar da forte procura.
Brasil segue como protagonista no mercado global
O Brasil continua desempenhando papel central no cenário internacional da soja. Com uma das maiores áreas plantadas do mundo, o país é líder em exportação e um dos principais fornecedores do grão para mercados estratégicos, como China e União Europeia. Além disso, a indústria nacional de esmagamento também vem crescendo, estimulando o consumo interno e fortalecendo a cadeia produtiva.
Na parcial de julho, a leve recuperação nos preços em Paranaguá e no interior do Paraná é reflexo direto dessa dinâmica de equilíbrio entre oferta e demanda. Mesmo com a pressão externa causada pelos altos estoques mundiais, o mercado brasileiro tem encontrado fôlego para manter os preços estáveis e, em alguns casos, em leve alta.
Perspectivas para o setor
Para os próximos meses, analistas e especialistas acreditam que o mercado de soja seguirá atento à evolução da demanda global, especialmente da China, e ao comportamento climático nas principais regiões produtoras. O La Niña, fenômeno climático previsto para se intensificar nos próximos meses, pode trazer impactos tanto positivos quanto negativos à safra sul-americana, afetando diretamente as expectativas de oferta.
Além disso, o desempenho da economia global, as políticas de importação e exportação, e o mercado de biocombustíveis também devem influenciar o comportamento dos preços.
A soja segue sendo uma das commodities agrícolas mais estratégicas para o agronegócio brasileiro e para o comércio mundial. A firme demanda para esmagamento tem sido um importante fator de sustentação dos preços, mesmo diante de uma oferta global em alta. O cenário é de atenção e cautela, com o setor buscando equilíbrio entre produção, consumo e mercado internacional.