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Após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, países como Chile e Uruguai se juntam à China, União Europeia e Argentina e suspendem as compras da carne de frango do Brasil
A confirmação de um foco de gripe aviária no Brasil, divulgada na quinta-feira (15) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), já começa a impactar o mercado internacional de carne de frango. Na sexta-feira (16), Chile e Uruguai anunciaram a suspensão temporária das importações de frango brasileiro, somando-se à crescente lista de países que adotaram medidas preventivas contra a propagação do vírus H5N1.
O surto foi detectado em uma granja comercial no estado do Rio Grande do Sul, sendo o primeiro registro da doença em plantel produtivo no país. Até então, o Brasil havia confirmado apenas casos em aves silvestres, o que não gerava restrições comerciais mais severas. A mudança de status sanitário levou diversos parceiros comerciais a adotarem protocolos rígidos, com restrições às exportações de carne de frango brasileira.
Exportação de frango suspensa: lista de países cresce
Com a entrada de Chile e Uruguai na lista, o número de países que restringiram total ou parcialmente as importações da carne de frango brasileira chega a pelo menos cinco: China, União Europeia, Argentina, Chile e Uruguai. A Argentina, por meio da Senasa (Agência Nacional de Segurança Alimentar), também anunciou a suspensão das compras, condicionando a retomada ao restabelecimento da certificação sanitária brasileira como país livre da gripe aviária.
Segundo nota divulgada pela Senasa, o governo argentino também recomendou o reforço das medidas de biossegurança nas granjas e estabelecimentos avícolas brasileiros, alertando para a importância do controle e rastreabilidade da produção.
Contenção do surto segue protocolo internacional
Em entrevista coletiva, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, explicou que, diante da confirmação da doença em animais de produção comercial, cada país parceiro aplica seus próprios protocolos de resposta. No caso de China, União Europeia e Argentina, as restrições são aplicadas em nível nacional, mesmo que o surto tenha ocorrido em apenas uma região específica.
“Esses países não adotam o critério de regionalização e optam por suspender as compras de todo o país, como forma de precaução. Isso é algo previsto em acordos e regulamentos sanitários internacionais”, afirmou o ministro.
Países que seguem o modelo de regionalização
Por outro lado, outras nações mantêm um posicionamento mais flexível em relação à exportação de frango do Brasil. Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas são exemplos de países que adotam o modelo de regionalização, ou seja, restringem as importações apenas da área onde o foco da doença foi identificado.
Neste caso, apenas o estado do Rio Grande do Sul foi afetado, e as exportações de outras regiões do Brasil seguem normalmente. O Ministério da Agricultura trabalha em conjunto com os órgãos de defesa sanitária estaduais para conter o foco e evitar a disseminação do vírus para outras áreas.
Impactos no setor avícola brasileiro
O Brasil é atualmente o maior exportador mundial de carne de frango, com embarques regulares para mais de 150 países. O surgimento de um foco de influenza aviária em plantel comercial representa um risco significativo para o setor, não apenas pela perda temporária de mercados, mas também pelos custos adicionais com medidas de contenção, eliminação de plantéis e vigilância sanitária.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reforçou que o episódio está sendo tratado com máxima prioridade e que todas as providências sanitárias recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) estão sendo adotadas. A entidade afirmou ainda que confia na capacidade do Brasil de controlar o surto rapidamente e retomar a confiança dos parceiros internacionais.
Perspectivas e próximos passos
A suspensão da exportação de carne de frango por parte de países como Chile, Uruguai e Argentina acende um alerta no setor. Especialistas apontam que a rápida comunicação do caso e a transparência das ações podem ajudar na retomada mais breve das exportações.
Enquanto isso, o Ministério da Agricultura monitora granjas vizinhas e investe em ações de contenção, com foco na biossegurança e rastreabilidade da produção avícola. A situação exige vigilância constante, mas ainda não há indícios de disseminação do vírus para outras regiões produtoras do país.
A evolução dos desdobramentos será crucial para entender os impactos da gripe aviária no comércio internacional de frango brasileiro e na imagem sanitária do Brasil como grande fornecedor global de proteína animal.