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Os preços da cebola registraram forte valorização na última semana nas principais regiões produtoras de Santa Catarina. De acordo com levantamento da equipe Hortifrúti do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço da cebola subiu até 50% entre os dias 12 e 16 de maio, impulsionado pela escassez da oferta nacional e por dificuldades na entrada de cebolas importadas, especialmente as provenientes da Argentina.
O mercado da cebola, que vinha operando de forma relativamente estável, sofreu uma reviravolta nas regiões catarinenses de Ituporanga e Lebon Régis, dois importantes polos de produção do Sul do Brasil. Ambas as praças estão em fase final de comercialização da safra e devem encerrar suas atividades até o fim deste mês de maio, contribuindo para uma oferta ainda mais restrita no mercado interno.
Cebola vermelha atinge R$ 2,67/kg em Ituporanga
Na região de Ituporanga, conhecida como um dos principais centros produtores de cebola no Brasil, a cebola vermelha foi comercializada a uma média de R$ 2,67 por quilo na roça, segundo o Cepea. Isso representa um aumento expressivo de 43,7% em comparação com a semana anterior. Essa valorização surpreendeu o setor, que já observava sinais de aumento nos custos nas últimas semanas.
A escassez do produto nas lavouras e a expectativa de fim de estoque foram determinantes para essa elevação. A menor disponibilidade de cebolas no campo forçou compradores a pagar mais pela mercadoria, elevando as cotações mesmo em um momento onde, tradicionalmente, os preços tendem a se estabilizar.
Em Lebon Régis, cebola beneficiada sobe 50%
Já em Lebon Régis, também em Santa Catarina, o cenário foi ainda mais intenso. O preço da cebola beneficiada (caixa de 20 kg, tipo 3) saltou 50% em apenas uma semana, alcançando R$ 60,00 por saca. Esse avanço reflete, além da redução na oferta local, a pressão sobre o mercado causada pela dificuldade de entrada de cebolas importadas.
A Argentina, tradicional fornecedora do produto nesta época do ano, tem enfrentado entraves logísticos e sanitários que limitaram o envio de cebola ao Brasil. Com isso, a dependência da produção nacional aumentou significativamente, e o desequilíbrio entre oferta e demanda gerou uma escalada nos preços.
Baixa oferta e dificuldades na importação pressionam mercado
Segundo os pesquisadores do Cepea, o aumento dos preços da cebola está diretamente relacionado à combinação entre a baixa oferta nacional e os obstáculos enfrentados na importação. Com os estoques internos em declínio e a safra catarinense perto do fim, a pressão sobre os preços tende a se intensificar, ao menos no curto prazo.
A dificuldade em importar cebola da Argentina também é um fator decisivo. Além das questões logísticas, barreiras sanitárias e fiscais têm dificultado o fluxo de entrada do produto estrangeiro. Esse cenário contribui para tornar o mercado brasileiro mais vulnerável a oscilações abruptas de preço.
Impactos no varejo e no consumidor final
Com o aumento expressivo do preço da cebola no atacado, os impactos devem ser sentidos no varejo e, consequentemente, no bolso do consumidor. Em supermercados e feiras livres, o valor da cebola já começou a subir, e a tendência é que a elevação continue nas próximas semanas, até que novos lotes de produção nacional ou importada entrem no mercado.
Restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimentos do setor de alimentação fora do lar também estão sendo afetados, uma vez que a cebola é um ingrediente essencial em diversos pratos da culinária brasileira.
Perspectivas para o mercado da cebola
Com o encerramento da safra nas regiões de Ituporanga e Lebon Régis, a expectativa é de que o mercado de cebola continue tensionado, pelo menos até a entrada da próxima safra nordestina, que deve ocorrer em julho. Até lá, a oferta seguirá restrita, e os preços tendem a se manter em patamares elevados.
Especialistas recomendam cautela aos compradores e acompanhamento constante das informações do Cepea e outros órgãos especializados no mercado hortifrúti. O cenário atual reforça a importância do planejamento logístico e comercial, especialmente para varejistas e atacadistas que dependem da estabilidade de preços para manter margens de lucro competitivas.